segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A religião mais negra do Brasil


A religião mais
negra do Brasil


Sobre o autor
Marco Davi de Oliveira é natural de Teresópolis – RJ. Casado com Nilza Valéria, tem dois filhos, Marco Davi e Lethícia Mariáh. É bacharel em teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e é ministro de missões urbanas na Igreja Batista de Vila Mariana. Milita no movimento negro evangélico como presidente fundador da organização não-governamental Simeão, o Níger e tem participado como um dos coordenadores do Fórum de Lideranças Negras Evangélicas.

Agradecimentos
Esta é a mais agradável e a mais arriscada tarefa para alguém como eu realizar. Agradável porque é fácil dizer às pessoas que a nós são caras quanto as estimamos e quanto foram importantes em nosso trabalho. Mas, extremamente arriscada, porque caminhamos na possibilidade do esquecimento de pessoas que também a nós são importantes. Portanto, já passo por este vale de cabeça baixa, reconhecendo as minhas limitações e digo que todos que contribuíram direta ou indiretamente, de maneira clara ou anônima, foram de suma importância neste processo de construção do livro.
    Mas, não posso deixar de agradecer a algumas pessoas que serviram de alicerce para que este trabalho se tornasse uma realidade. Agradeço ao meu grande amigo Ariovaldo Ramos, que começou a refletir comigo sobre este tema, dando grandes contribuições, além de dar toda a estrutura inicial para que eu começasse a pesquisar e escrever. E também por sempre acreditar que eu poderia terminar este livro. Obrigado, amigo, por sua amizade e por sua graça.
    Agradeço também ao amigo Hernani Francisco, da Missão Quilombo, pelo grande incentivo. Durante nossos fóruns e debates pude crescer ouvindo suas ponderações.
    Louvo a Deus pelo apoio do amigo Marco Antonio Fernandez que, durante aqueles dias de desânimo em que a tarefa parecia impossível, trouxe sempre palavras encorajadoras, fazendo-me ver as possibilidades além das montanhas.
    Agradeço ao Alexandre Brasil que, de pronto, aceitou o desafio de prefaciar este trabalho.
    Exalto ao Senhor Deus pela editora Mundo Cristão pela oportunidade dada a mim e a este tema novo para a Igreja brasileira. Louvo a Deus pela equipe desta editora que, com criatividade e responsabilidade, se dedicou com afinco à produção deste livro. Parabéns para todos vocês. Mas, quero agradecer a duas pessoas da editora Mundo Cristão, em particular, que foram muito importantes e que me trataram de forma espetacular. Agradeço ao Mark Carpenter pela coragem de conduzir este projeto inovador. E ao Renato Fleischner, que, com dedicação, visualização e carinho, cuidou de forma pessoal de todos os detalhes. Outrossim, agradeço-lhe o encorajamento e as diretrizes nos momentos necessários.
    Quero agradecer à minha família. Primeiro, à minha esposa Nilza Valeria, que, com amor e carinho, cuidou de mim nos momentos difíceis, tanto em relação ao livro, mas, principalmente, de saúde. Obrigado querida, por sua existência! E agradeço aos meus queridos filhos, Marquinho e Lelê, pela alegria constante que me fornecem diariamente.
    Mas, tudo isso não seria possível sem a graça e a misericórdia do Senhor de todos os dons. Ao Senhor Jesus Cristo toda a honra e toda a glória.
Marco Davi de Oliveira

Trecho do livro "A religião mais negra do Brasil".

sábado, 24 de setembro de 2011

Edital de nova chamada para bolsas de lingua inglesa

Está aberta uma nova chamada para represenantes de organizações sociais que queiram aprender o idioma Inglês.  O primeiro edital, lançado no mês de agosto dese ano, selecionou 110 organizações que receberão um curso completo de inglês online (ver lista abaixo). A Bolsa Japer, destinada à organizações que desenvolvem projetos no campo da igualdade racial e étnica, habilita um represente de cada organização para aprender o idioma inglês por meio de um sistema virtual multimídia.
Para a segunda etapa da seleção, que se encerra em 01 de outubro, as entidades ou movimentos, devem seguir os mesmos procedimentos do primeiro edital ao preencher uma ficha de inscrição disponível  aqui e enviar uma carta de recomendação do (a) gestor (a) para o e-mail japerbolsa@gmail.com. As entidades que não foram contempadas na primeira fase podem enviar novamente uma proposta com a documentação completa.
A organização candidata não precisa estar formalizada legalmente para participar da seleção, desde que comprove atuar, de fato, com o tema da equidade racial e envie a documentação completa até a data limite. O prazo de inscrição encerra-se no dia 01 de outubro de 2011.
No Brasil o campo da igualdade racial é um dos setores que menos recebe investimento e participa de iniciativas de cooperação internacional. O objetivo do edital é habilitar organizações que atuam no combate à discriminação racial à internacionalizarem seus projetos, ampliando possibilidades e financiamento e intercâmbios.
A Bolsa Japer de ensino de ingles é uma promoção dos pontos focais da sociedade civil do Plano Japer com apoio da  Embaixada dos EUA no Brasil e a empresa Rosetta Stone, líder mundial em ensino de idomas pela web. A iniciativa faz parte do Plano de Ação Conjunta Brasil-EUA para Promoção da Igualdade Racial e Étnica, um acordo diplomático assinado em 2008 pelo dois países.

O quê? Curso de Inglês online para organizações que trabalham com o tema da igualdade racial

Quando? Inscrições até o dia 01 de ourubro de 2011
*Baixe aqui a ficha de inscrição - Clique aqui e baixe a ficha de inscrição
** Não esquecer de enviar carta do dirirgente da organização para o email japerbolsa@gmail.com, explicando o motivo da organização querer participar do curso.
*** Será admitida apenas uma pessoa por cada organização

http://www.japer.org/2011/03/lancamento-de-cursos-de-ingles-e-de-portugues-gratuitos/?lang=en

Mulheres brasileiras pedirão na ONU maior combate ao racismo na América Latina .

Por Luciana Lima - Repórter da Agência Brasil

Brasília - A necessidade de uma atenção maior ao problema da mulher negra na América Latina será levantada por representantes da organização não governamental (ONG) Geledés - Instituto da Mulher Negra, que participam hoje (22), em Nova York, da reunião de alto nível sobre os dez anos da Conferência de Durban. A reunião faz parte dos debates da 66ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
Nilza Iraci, uma das representantes da ONG, foi a escolhida para representar as mulheres brasileiras no encontro. Em entrevista à Agência Brasil, ela disse que aproveitará o tempo para lembrar que as mulheres negras estão na base da pirâmide social, não só no Brasil, mas nos demais países da América Latina e do Caribe. Segundo ela, racismo e sexismo andam juntos na região e precisam ser enfrentados pelos governos.
"Recismo e sexismo andam juntos e sem essa conciência não se resolve a questão", disse Nilza. Para ela, é preciso lembrar que no caso da mulher negra, na região, há uma dupla vitimização. "Basta olhar a base da pirâmide social no Brasil. São as mulheres negras que recebem os menores salários, que não têm acesso aos serviços de saúde de qualidade. Há um conjunto de situações que afetam, especialmente, a vida das mulheres negras", destacou.
Nilza Iraci terá cerca de três minutos para falar. Também está previsto na reunião um discurso da ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).
Para as mulheres, o que se espera do discurso da ministra é a garantia de que o Brasil continuará enfrentando essa questão com prioridade, com o fortalecimento da Seppir e da Secretaria de Políticas para as Mulheres, comandada pela ministra Iriny Lopes. "Essas secretarias são referência e devem servir de exemplo para os demais países da América Latina e do Caribe.
No discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, feito ontem (21), a presidenta Dilma Rousseff citou a questão racial e de gênero, de forma geral. Para a representante da ONG Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea) Guacira Oliveira, é esperada na fala de Luiza Bairros a reafirmação do compromisso de continuidade e incremento das políticas voltadas para esse público.
Outro ponto polêmico, em que se espera uma política mais eficaz, é a questão da violência. Os assassinatos de negros ainda são muito maiores. "No Brasil, o problema da violência é permanente e muito grave", enfatizou Guacira, que está em Nova York para a reunião.
Ela defendeu também maior compromisso da ONU na resolução de conflitos étnicos. "Os recursos das agências para a questão da igualdade ainda são ínfimos. Existem muitas guerras étnicas, mascaradas de guerras religiosas, que precisam ser resolvidas", disse.
A Conferência de Durban, em 2001, tratou de todas as formas de discriminação, racismo e xenofobia. O Brasil desempenhou papel de protagonista no encontro e, depois, na implementação de políticas raciais. A reunião de hoje tem o objetivo de homenagear os dez anos da conferência e, ao mesmo tempo, avaliar os esforços feitos pelos países desde então e os avanços obtidos.

Edição: Graça Adjuto
Fonte:Universidade Livre Feminista

4 milhões de evangélicos sem vinculos com igrejas

Quatro milhões de evangélicos sem vínculos com igrejas

O número de evangélicos que não mantêm vínculo com nenhuma igreja cresceu segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, eles passaram de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009, um salto de 4 milhões de pessoas.

Os dados do IBGE também confirmam tendências registradas na década passada, como a queda da proporção de católicos e protestantes históricos e alta dos sem religião e neopentecostais.

No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio "blend" de crenças - o que reforça a tese da desinstitucionalização.

O "medo" imposto a quem não frequenta igrejas:
Ainda tenho dúvidas sobre se dá certo isso...claro, servir a Deus vai muito além de igrejas, mas o "medo" imposto a quem não frequenta igrejas é angustiante. Acaba que nem dá pra saber se estamos seguindo o caminho certo. Mas eu gostaria bastante de poder desfrutar de servir a Deus sem estar vinculada a uma instituição. Amo ao meu Senhor e ir ou não na igreja não diminui esse amor. Comentário de uma leitora da Folha de São Paulo.
 
Fonte: Afrokut

15 milhões de negros evangélicos no Brasil


São 15 milhões de evangélicos negros no Brasil, quantos negros e negras  dentro dessas igrejas tem negritude? Ao longo dos anos a didática de muitas igrejas tem reforçado o branqueamento desses negros e negras.

Por outro lado  para resgatar a negritude e refletir essa questão dentro do seguimento evangélico brasileiro surgiu, no início dos anos 80, o Movimento Negro Evangélico (MNE) com a finalidade de trabalhar a questão racial negra dentro de uma perspectiva cristã, buscando uma identidade negra no protestantismo evangélico. 

Mesmo sendo uma das forças mais recente de atuação no Brasil na questão racial e negritude a luta dos negros e negras no cenário protestante não é nova, ele se inicia em 1841 quando um mover do espírito fez um negro letrado, Agostinho José Pereira  começar a pregar nas ruas de Recife a liberdade dos negros e negras nos termos bíblicos e como libertação divina, nascendo assim à primeira Igreja Protestante Brasileira.

O movimento começou com um mover do espírito na vida do Agostinho, o Lutero Negro e seu mais de 300 seguidores, esse mover, continua hoje, com milhares de homens e mulheres multicores, consolidando o Movimento Negro Evangélico  (MNE) e mudando a cara da Igreja Protestante Brasileira, do movimento negro e toda a nossa sociedade.

Fonte:Afrokut

Angolana vence o Miss Universo 2011

O Brasil foi palco da celebração da diversidade na noite dessa segunda-feira (12). O concurso Miss Universo 2011 elegeu a angolana Leila Lopes como a mais bela  mulher do mundo. A jovem de 25 anos alcançou o primeiro lugar na disputada competição, ficando o segundo e terceiro lugares para as candidatas da Brasil e Ucrânia, respectivamente. A vitória foi bastante comemorada nas redes sociais, rendendo a segunda posição dos assuntos mais comentados do Twitter.

A angolana conquistou simpatia e torcida até mesmo dos brasileiros. Em uma das perguntas, a modelo foi questionada sobre o que mudaria no seu corpo e mostrou ter compromisso social ao reforçar a importância do respeito ao próximo. “Não mudaria em nada. Me considero uma menina bonita por dentro, tenho os meus princípios, os meus valores. Eu sinto que fui bem educada e quero ser assim a vida toda. E agora eu aproveito para deixar um conselho aos presentes: respeitem os outros". Leila Lopes esteve no programa do Jô Soares  no mês de março deste ano.

A vitória da carismática Leila Lopes foi ainda mais comemorada pela comunidade negra brasileira, sobretudo pelo fato dos jornais terem noticiado na semana passada uma série de ataques racistas por grupos neonazistas brasileiros às candidatas negras do concurso. Em um dos blogs, segundo o site G1, os jovens postaram a seguinte declaração "Como alguém consegue achar uma preta bonita?" 

Foto: Revista Quem 

Leila Lopes, apesar de ter sido a primeira Miss Universo de Angola, não foi a primeira negra a vencer o concurso. Janelle Commissiong, de Trinidade e Tobago (1977) e Wendy Fitzwilliam (1998) também de Trinidade eram negras, além da nigeriana Agbani Darego (2001), esta última, a primeira africana da história. 

Natural da província de Benguela, com 1,79m de altura, Leila Lopes, ganhou do concurso um ano de despesas pagas, um curso na New York Academy, além de viagens pelo mundo fornecidas pelos patrocinadores e vai fazer trabalhos sociais com ONGs em países em desenvolvimento.


Por Paulo Rogério Nunes e Keila Costa

Via Correio Nago

http://negrosnegrascristaos.ning.com/forum/topics/angolana-torna-se-miss-universo-2011?xg_source=msg_mes_network

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Desabafo de uma jovem mulher negra

Nesta semana em que comemoramos o dia da mulher negra latino-americana e caribenha,me deparei com reflexões sobre a minha vida.
Cresci sonhando em ser paquita da Xuxa e parecida com a Barbie, passei toda minha infância e adolescência querendo ser branca porque não me via nas novelas, nas propagandas, nas revistas, nos espaços da mídia impressa e áudio visual.
Queria alisar meu cabelo porque cabelo “bom” era cabelo liso.
Dietas?Intermináveis até contrair uma anemia profunda, mas não desisti. Não aceitava que meu corpo não poderia ser como das modelos européias. Passei por inúmeros transtornos alimentares, ia 3x por dia para a academia, mas ainda achava que poderia perder mais um pouco.
Ser mulher negra no Brasil é muito difícil.
O Brasil foi colonizado por quase 400 anos e por cerca de 300 anos escravizou africanos e africanas. Os homens eram utilizados para o trabalho na lavoura, na plantação. Já as mulheres algumas trabalhavam na lavoura, outras como “fabricas” de fazer novos escravos, eram amas de leite dos filhos dos senhores da fazenda, trabalhavam no serviço doméstico, mas principalmente para satisfazer os desejos sexuais dos senhores e dos filhos dos senhores.
Para mim, sempre foi difícil entender que meu pai branco me amava, mas a família dele me tratava diferente pela cor da minha pele.
As crianças e meninas negras “aprendem” cedo qual é o “seu lugar” na sociedade quando assistem as novelas,os homens negros podem ser motoristas,seguranças ou políticos corruptos e as mulheres,domésticas.
Sempre fui muito ligada a política,a esquerda e entrei no movimento social,no movimento estudantil secundarista ajudando na criação do grêmio da minha escola e participando ativamente da “Revolta do Buzu”.
Entrei na Universidade e inevitavelmente no movimento estudantil universitário, então comecei a perceber que não dava para dissociar a luta no movimento social com a condição de ser mulher negra. E por muitas vezes fui desrespeitada como liderança por ser mulher negra, mas o pior foi ver que a falta de respeito partiu de um homem negro.
Me tornei evangélica.
Imaginem uma mulher, negra, feminista na igreja?!
O maior desafio foi e ainda é com as mulheres evangélicas que entendem nem aceitam que eu discuta e participe da política, acham que devo aprender a cozinhar para casar e quando tiver filhos e filhas devo parar de trabalhar para me dedicar exclusivamente a tarefa de ser mãe e esposa.
Depois de quase 300 anos de escravidão, querem me acorrentar de novo?Jesus me chamou para ser livre, então comecei a falar a verdade sobre Jesus e as mulheres na igreja e por isso fui obrigada a sair de uma igreja por discordar da “doutrina” aplicada.
Muitas são as dificuldades, sei que o sistema racista e machista em que vivemos não queria que eu chegasse até aqui, não queria que me orgulhasse de ser mulher negra, não queria que eu conhecesse a minha história. A igreja não queria que soubesse que Jesus é negro, mas não vou desistir, nem posso, a minha tarefa é mudar a realidade da igreja combatendo o machismo e o racismo, é lutar por uma sociedade igual.
Aprendi com uma mulher negra que nem sabe, mas é feminista, que não devo desistir dos meus sonhos (Minha mãe).
Tarefa árdua?
Mas está só no começo...

Laina Crisóstomo