sábado, 25 de fevereiro de 2012

Carnaval de Salvador

Hoje ao acessar o facebook me deparei com um vídeo que me deixou totalmente indignada, um bate papo de Geddel Vieira Lima e Durval Lélis.

Estou achando que preciso estudar mais sobre licitação e bens públicos, pois será possível licitar bens públicos de uso comum ou Domínio Público? As pessoas agora terão que pagar para andar nas ruas?

Durval apoiado por Geddel  deseja licitar as ruas de Salvador para fazer SEU carnaval.

Para entender tudo isso é preciso conhecer a História do carnaval na Bahia.

O carnaval nasce com os brancos ricos brincando em seus clubes fechados e a periferia preta, em sua maioria para não dizer totalidade, nas ruas de Salvador com toda sua irreverência e espontaneidade. A Praça Castro Alves, sim, é do povo ou pelo menos era.

Contudo como sempre acontece o que a/o negra/o inventa e dá certo, os brancos copiam para ganhar dinheiro, assim foi com a nossa culinária, nossas roupas, com a nossa cultura.

Porém os brancos não se contentam em ganhar dinheiro querem nos oprimir e nos excluir do nosso invento. A primeira opressão foram os blocos e suas cordas, logo vieram os camarotes cada vez maiores. Entretanto o capitalismo sempre quer mais e então ouvimos a brilhante declaração do maior ganancioso, arrogante e prepotente puxador de bloco Bel Marques que disse que a corda separa o rico do pobre.

Mas acredite... tudo pode piorar e agora surge a fabulosa ideia de Durval Lélis, arquiteto e cantor, que fatura milhões em suas trivelas e vários blocos no carnaval baiano de privatizar as ruas de Salvador.

Para quê? Eles já tomaram toda a rua do folião pipoca, não existem mais passeios em razão dos camarotes e as cordas cada vez mais empurram as/os pretas/os pobre para fora do circuito.

É preciso manter a politica da "boa aparência", boa aparência dos clubes de outrora dos brancos e ricos, a periferia tem de ficar na periferia, no seu gueto para não assustar os turistas que para cá vêm em busca de "alegria" e "beleza".

Basta de exclusão, o Carnaval é do povo!!!






E de novo o Ilê...

O Ilê Aiyê é um bloco que nasce para resgatar a ancestralidade da cultura negra africana e a auto estima. Nasce como movimento de resistência, de inclusão do povo negro no carnaval da Bahia. Ficou mundialmente conhecido como o mais belo dos belos por mostrar a beleza de um povo que por séculos fora escondida, proibida e estereotipada.

Até os dias atuais vivenciamos casos de racismo no carnaval que é conhecido como a maior festa popular do mundo, o Carnaval de Salvador.

Durante anos alguns blocos proibiram a entrada de foliões negros, simplesmente pela cor da sua pele e por isso o Ilê nasceu. Mas infelizmente muitas grandes idéias se desviam pelo caminho do capitalismo selvagem dos empresários carnavalescos. Fiquei brutalmente chocada ao ver um outdoor do bloco que sempre nos expurgou para manter a fama de só ter "gente bonita", leia-se brancos, se unir ao bloco que sempre nutri admiração por sua História e origem, surge então o Camarote Eva Ilê.

Todavia o problema foi ainda maior, foi ver mais uma vez uma mulher negra ser agredida física, psíquica e verbalmente por um dos diretores do Ilê. Afinal não é segredo para ninguém que outras militantes do movimento negro outrora foram verbalmente insultadas, além de muitas outras mulheres que já foram agredidas e por medo se silenciaram.

O que é isso Ilê? Onde está a tua História? Onde está o teu respeito pelas nossas Candances: Aqualtune, Dandara, Mãe Hilda e Dayse Sacramento?

Estamos sendo tratadas pelos nossos como éramos pelos escravocratas.

Dayse, pode contar comigo no que for necessário.

Laina Crisóstomo, mulher, negra, feminista, comunista e advogada.

Morre uma guerreira negra

Escrevo este texto com lágrimas nos olhos, pois poderia ser qualquer um/a de nós defensoras/es dos direitos humanos, dos direitos das mulheres e dos negros a ser assassinado.

Até quando vamos ter nossas/os guerreiras/os mortas/os pela covardia de quem não sabe dialogar, que utilizam a arma de fogo como instrumento para calar as nossas vozes.

Entretanto a voz de Isabel Cristina Santos Machado irá ecoar, pois heroínas e heróis não morrem JAMAIS, vivem para SEMPRE na História.